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"As pessoas olham para mim e veem um deficiente. Não sabem do que sou capaz. Eu sou capaz de coisas incríveis."

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Sandro Waldez não gosta de ser visto como um cadeirante. Na sua visão, essa não é uma de suas características principais. Mora sozinho, em um apartamento pequeno, organizado de modo a dar inveja em muito adolescente que reside em república. Sempre sai para tomar um café em um shopping próximo a sua casa. No local, ele é recebido com beijos e abraços por uma atendente.

 

Durante a semana faz faculdade de psicologia, após ter trancado o curso de engenharia de produção. Trabalha em uma empresa de consultoria em automação, onde entrou nas vagas destinadas a pessoas com mobilidade reduzida. Lamenta ser visto no ambiente como “o deficiente”. Não é muito orgulhoso, aceita ajuda de quem se disponibiliza a empurrar sua cadeira em um morro. Treina esgrima, esporte que, segundo ele, o faz esquecer todos os problemas quando pratica. Não gosta que o vejam com sentimentos de piedade. “Eu sei das minhas possibilidades”, “limites somos nós que nos impomos” são frases proferidas por ele. Contudo, reconhece que o "olhar do senso comum" também pode estar nele por nunca ter tido um relacionamento amoroso com uma cadeirante. Porém faz uma ressalva: “Imagina o sexo? Alguém tem que tomar a iniciativa.”

 

Sandro se vê realizado por ter sido pai principalmente porque, após seu acidente, foi informado que não poderia ter filhos - o que contribuiu para que ele não se preocupasse com prevenção. A filha foi morar com a mãe em Fortaleza (CE), fato que o deixa triste e o faz cogitar ir morar no Nordeste para ficar mais perto daquela que representa “tudo” na sua vida.

 

Sandro sonha e acredita em um futuro diferente, mesmo que no momento pareça difícil haver uma rampa como alternativa à escada na entrada do seu prédio, onde moram três cadeirantes. Talvez o poder público saia da letargia e um dia seja mais sensível com a questão da mobilidade. Enquanto isso não acontece, o cidadão, cadeirante, esgrimista, universitário, pai Sandro Waldez segue sua vida, visto que limitações não estão nele, mas no meio que está a sua volta.

 

 

Um cadeirante, esgrimista, universitário, pai

Superando desafios e preconceitos

Perfil de Sandro Waldez

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